segunda-feira, 20 de abril de 2009

As frases d'ordem


«...tinha acabado de ser libertado com a medida de coacção mais leve (apresentação semanal na esquadra da área de residência), depois de ouvido pelo juiz acusado de furto agravado, resistência e agressão à autoridade, e, logo à saída do tribunal roubou um carro que usou para furtar uma bomba de gasolina. Foi apanhado alguns quilómetros mais à frente depois de se ter envolvido num acidente de viação.»

O advogado de defesa, o sôdôtôr Fulano Tal pediu para que fosse libertado, por achar que não se tinham reunido as provas necessárias para acusar o seu cliente do furto à referida bomba de gasolina, e porque acima de tudo estava em causa a presunção de inocência.

A presunção de inocência é tão importante como a presunção da culpa. Por esta última ninguém se bate, nunca ouvi nenhum sôdôtôr dizer: " ai e tal, pedi para que fosse aplicada ao meu cliente a prisão preventiva pois como é um grandessíssimo sacana e antes que volte a fazer merda o melhor é ficar engavetado. De qualquer modo vou defender este energúmeno e tentar que o juiz tenha pena desta besta e lhe poupe alguns anos de cadeia por motivo de evidente incapacidade deste animal quadrúpede em avaliar um adequado modus operandi em sociedade. "

Todos sabemos que à partida, a malta, julga, condena e ainda enxovalha em praça pública quem tem o azar de se cruzar com a justiça, está mal, ou não, metade pelo menos acerta. Faz-me lembrar o caso Casa Pia, e concretamente o Carlos Cruz. A determinada altura falou-se de vingança, ódios e invejas, eu fartei-me de perguntar a mim mesmo, mas porque raio de carga de água haveriam logo de querer tramar alguém tão simpático, tão conhecido, ninguém lhe conhecia uma polémica, era um profissional e pêras, não conhecia ninguém que não gostasse dele. Culpado ou inocente? Se culpado, pelo que já vi e vivi, não me espanta absolutamente nada, se inocente, mas que enredo tão perverso e tão bem montado, heim!

Há dias li uma crónica de Isabel Stilwuell onde, entre uma série de banalidades, evidências e algumas alarvidades concluía, referindo-se ao caso MacCann, com uma severa crítica a Gonçalo Amaral pela sua ineficiência na resolução do caso, e colocando os MacCann como vítimas na pessoa de uma incomensurável dor devido à perda de um filho, numa clara manifestação dum hermético sentimento maternal. Ora eu também sou pai, e a primeira coisa que me salta à vista em relação a este já gasto caso MacCann, é que jamais deixaria os meus dois filhos sozinhos num quarto de hotel para ir para os copos. O resto são livros, fundos, poder, polítiquices, etc.

quando se começa a escrever ou a vir a público para cumprir com obrigações e a troco de qualquer disparate ou em desespero de causa de desvirtuam conceitos ou pior ainda se banaliza a bacorada, então não há nada a fazer, não admira que o "estou-me a cagar" e o "ó pá isto é mesmo assim não há nada a fazer" sejam as frases d'ordem.